Colégios “infetários” ou não

A entrada para os colégios marca muitas vezes o início de um ciclo de doenças infeciosas nas crianças, o que na maior parte das vezes desespera os pais. Este processo é natural e faz parte do desenvolvimento das defesas das crianças, contudo, tanto os pais como os colégios tem um papel fundamental para o controlo da propagação de vírus e bactérias.

Como se sabe, a propagação de doenças é facilitada em qualquer ambiente fechado, no caso das crianças esta propagação é ainda maior, uma vez que estas exploram o meio que as rodeia com a boca e é comum a troca de chuchas, o lamber dos brinquedos, o pôr as mãos na boca, etc. Se multiplicarmos estes hábitos por pelo menos 10 crianças fechadas numa sala, não é assim tão difícil de perceber o porquê da rápida propagação das doenças ou vírus.

O contágio já percebemos que é fácil, onde podemos atuar é principalmente na prevenção, e será que é possível prevenir?

A verdade é que sim, se podermos contar com a ajuda e bom senso dos pais. Nem todas as doenças obrigam a evicção escolar, porém, estando uma criança doente, com febre e mal-estar, não deve ir ao colégio, não só pelas outras crianças, mas também por ela. Uma criança com estes sintomas não se sentirá bem onde há barulho e onde não é possível ter uma atenção individualizada.

O primeiro pensamento que deveremos ter quando uma criança apresenta algum sintoma de doença é:

  • a criança sente-se bem para desempenhar as atividades escolares? Se a resposta for não, será preferível ficar em casa;
  • a doença PODERÁ ser contagiosa? Se sim, ou se não sabe a resposta, o melhor é ficar em casa e ver a evolução da mesma ou mesmo ir ao médico;
  • faltava ao trabalho com os mesmos sintomas? Se sim, então.. já sabe a resposta!

O motivo principal para uma criança ficar em casa quando apresenta sintomas de doença é dar descanso ao organismo para que este consiga enfrentar a doença. A criança que aparenta não estar bem tem as defesas em baixo e está mais propensa a apanhar qualquer infeção. Por vezes pequenos vírus passam a doenças com maior gravidade por não serem devidamente tratados.

Os colégios não têm especial interesse quando contactam os pais, pedindo para virem buscá-las, a não ser a preocupação em diminuir o risco de contágio para as outras crianças, e até para os profissionais, que facilmente passam de saudáveis a doentes.

A febre numa criança é sempre sinal de uma infeção, logo, não deve permanecer no colégio. Uma erupção cutânea pode ser um sinal de doença infeciosa, a tosse acompanhada de expetoração pode ser sinal de uma infeção das vias respiratórias e vómitos e/ou diarreia na maior parte das vezes é de origem viral e as crianças não devem permanecer no colégio enquanto os sintomas se mantiverem.

A verdade é que ainda se assistem a situações em que os pais, por não quererem faltar ao trabalho e/ou não terem ninguém com quem deixar os seus filhos, optam por medicar a criança e levá-la na mesma para o colégio, agravando assim o risco de contágio para outras crianças e piorando a condição médica da criança.

Por esta razão os pediatras começaram a designar os colégios de “infetários”, sendo que muitas vezes é algo que ultrapassa os próprios colégios.

A opção deverá procurar sempre a recuperação em casa que será mais rápida, com o cuidado dos seus familiares.